AS PALAVRAS BEM BOAS SÃO...

Quando [à minha Avó] lhe pedíamos que nos contasse um conto, por vezes ouvíamos uma história que nos alertava para as deslealdades dos falsos amigos. A este propósito lembro-me da seguinte fábula:
"Havia uma raposa que costumava caçar numa determinada quinta. Um dia, encontrou-se com o dono da propriedade e estabeleceu com ele o seguinte pacto: ela obrigava-se a caçar coelhos, ratazanas e toda a bicheza que prejudicasse as culturas da quinta; em contrapartida, o lavrador comprometia-se a dar-lhe guarida e protecção quando fosse acossada por algum caçador.
Passado algum tempo, a raposa apareceu, esbaforida, a pedir protecção, pois estava a ser perseguida por um caçador. Ao vê-la tão aflita, o lavrador abriu-lhe a portelo do cortelho que estava mais próxima para ela ali se esconder.
Passados alguns instantes, apareceu o caçador a perguntar ao proprietário se não vira passar por ali uma raposa. Este, ao mesmo tempo que dizia em voz alta: - Não! Não a vi!... - Apontava com o indicador para o cortelho.
A raposa abrindo a portinhola, disse com o maior dos desalentos:
- As palavras bem boas são lavrador...O pior, são os acenos!"
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Só podem terminar as amizades que não foram verdadeiras.